quinta-feira, março 01, 2007

cartas do exterior


Essa coisa linda aí ao lado nasceu em Colonia, na Alemanha. Melhor dizendo, nasceu em Bergisch-Gladbach, onde no dia do evento se concentrava a seleção brasileira. Os pais (a mãe brasileira, o pai sueco) moram em Colonia, por razões de trabalho, e vivem portanto dentro do sistema previdenciário alemão.

Nos países da União Européia, difícil é a entrada. Mas uma vez lá dentro, as coisas ficam infinitamente mais simples. Minha filha optou por um parto natural, que inclusive é estimulado pelo sistema de saúde alemão. Eles não fazem uso de medicamentos ou cirurgias a torto e a direito, como fazemos aqui. Talvez a indústria farmacêutica seja menos poderosa do que é no Brasil, ou mesmo nos Estados Unidos. Enfim...

O fato é que minha filha teve a opção de ter seu bebê com auxílio de parteira, como antigamente, e pretendia fazer isso em casa. Não foi possível que saísse exatamente como ela queria, o trabalho demorou demais, todos estavam cansados (ela e o bebê), e depois de muitas horas de tentativas decidiu-se que ela iria para um hospital, para poder aliviar um pouco este cansaço com uma pequena dose de anestesia, continuando depois conforme o previsto.

O hospital em questão, justamente em Bergisch-Gladbach, numa linda área verde, só atende a casos de maternidade ou ortopedia. Risco zero para infecção hospitalar, portanto. Tem parteiras residentes e médicos de plantão para o caso de alguma necessidade. O bebê nasce numa sala de parto especial, com opção para parto na água, pouquíssima luz, silencio, respeito pelo importante acontecimento que é a chegada de mais uma vida humana a este mundo.

Depois de nascida a criança, os pais ficam (juntos) no chamado 'quarto familiar', com uma enorme cama de casal onde cabe até mesmo um irmãozinho pequeno, se houver. Dormem todos lá, bebê inclusive, durante o tempo necessário, que num caso de parto normal não é muito. Ninguém toca no bebê se a mãe não quiser_ e mesmo durante o evento do parto são mãe e pai os principais atores, e a participação da parteira é mais em função de aconselhamento ('empurra mais agora', etc).

Tudo isso é feito sem qualquer despesa para a família, assim como as visitas pediátricas mais adiante, e mesmo os remédios eventualmente prescritos, a que a criança tem direito de graça, em qualquer farmácia, mediante apresentação de receita, até completar 18 anos.

Ou seja, você vê cada centavo de seus impostos valendo a pena. Enquanto isso, na Sala de Justiça...

3 Comments:

At 10:51 AM, Anonymous Anônimo said...

Que coisa boa esse serviço de saúde !
Ironicamente acho que os alemães vendem bastante remédios por aqui...

Cris

 
At 1:43 AM, Anonymous Anônimo said...

Estamos grávidos aqui em casa, minha filhota de 6 anos vai ganhar um irmãozinho ou "zinha" e eu vou ser " + uma vez, + uma voz" (gostou da lembrança, hehehe)" papai". "Quando entrar setembro" (hi, hoje vou ser condenado por uso indevido de copyrights!!)chega o rebento.
Temos pensado nisso, o hospital, parto normal ou cesáreo.... e, de repente, ver essa "receita de como se parir uma criança com HUMANISMO" mexeu comigo mesmo. Nem o mais gabaritado HOSPITAL-HOTEL-5ESTRELAS (sim, porque os grandes, lêia-se particulares e caríssimos, viraram isso, HOTÉIS - algo como: vamos disfarçar a doença, você está ótimo, apenas vai se hospedar aqui por uns dias....Aqui em Porto Alegre tem um que o lobby bar é concorridíssimo no happy-hour, no mínimo esquisito)Bom, mas nem um desses "the best" que minha carteirinha do plano de saúde pode pagar vai me dar a forte presença HUMANA descrita no seu relato. Te confesso que a "camona" (cama grande) foi o que mais me tocou, uma vez fiquei numa pousada da serra que tinha móveis antigos e a cama era desse tipo: "cama para se ter bebês", me chamou a atenção e lendo teu blog lembrei disso. Não sou contra o parto cesáreo, mas adoraria que logo em seguida fossêmos colocados todos num quarto com essa cama grande. Como não posso ira até a Alemanha, vou tirar umas medidas do meu quarto e estudar a possibilidade de achar uma cama dessas...quer coisa mais linda, mais saudável do que pai, mãe, irmão e bebê juntos na mesma cama - pelo menos por uns dias - São vínculos como esse que norteiam uma existência - que podem realmente ser o primeiro passo para mudarmos o cenário caótico que estamos vivendo pela falta de se cultivar valores como O AMOR,que tem suas primeiras sementes plantadas no "ventre da mãe" (ihhh, lá vou eu de novo!)e brotam assim que chegamos ao mundo nos braços de uma família unida e feliz.

 
At 10:39 PM, Blogger Angela Garcia said...

Tô babando de inveja... Aqui você vê os impostos nas boas escolas(públicas, claro, onde qq criança entra `as 8:30 e sai `as 3, tendo professor ou não...), nas ruas e estradas bem pavimentadas e policiadas, e, infelizmente, nas telas da Tv, lá onde esse insano resolveu implantar a democracia dele... Será que a gente ainda vê um Brasil diferente??
Beijao!
Angela

 

Postar um comentário

<< Home