domingo, dezembro 23, 2007

tradições

Reflexões de Natal: a participação judaica na festa cristã é a maior prova de que as religiões de tradição bíblica são no fundo uma coisa só, por mais que se queira negar. Lembrei-me disso quando fui comprar a sobremesa para a ceia, no Kurt, uma célebre confeitaria do Leblon, cujo dono, o austríaco Kurt Deichmann, fugiu do nazismo nos anos 30 e veio parar no Brasil. Ele faria 100 anos em 2007 (morreu aos 93), mas sua família e descendentes continuam adoçando os natais de cariocas como eu.

Judeus na ceia de Natal eram uma constante nas festas da nossa família, que retribuía comparecendo aos bar-mitzvah e outras comemorações dos amigos. Uma amiga judia de minha cunhada vestia a roupa de Papai Noel, o que nunca deu certo, pois além de ser mulher, faltava-lhe o physique du rôle do personagem: era por demais esbelta e jovem, coisa que certamente ajudou as criancinhas da família a desacreditar mais rápido _ mas quem se divertia mesmo era ela, tenho certeza. Em outra época, David Tygel, vocalista do Boca Livre, chegou a lançar uma campanha, 'adote um judeu neste Natal', pois era louco por rabanadas e adoraria ser convidado para algumas ceias. Como o apelo era basicamente gastronômico, não sei se teve muito sucesso.

Ouvindo uma nova e bela canção natalina de meu amigo (judeu e americano) Johnny Mandel, em gravação recente de Tony Bennett, não resisti e perguntei a ele como foi possível que a grande tradição do cancioneiro norte-americano de Natal tenha sido, em sua grande maioria, composta por judeus (só pra citar a mais famosa: 'White Christmas' é de Irving Berlin, judeu russo emigrado no início do século passado), num tempo em que essa integração estava longe de ser moda. Ele me respondeu, no ato: "because Jesus was one of our boys, of course!" Claro, isso explica tudo, como é que eu não pensei nisso antes?

Então, feliz Natal e feliz Chanuká pra vocês!

4 Comments:

At 9:48 AM, Anonymous Anônimo said...

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

 
At 2:15 PM, Anonymous Anônimo said...

Oi Joyce, eu e minha mulher Angela amamos voce, sua musica, o seu tudo. Tivemos a linda oportunidade de assistir voce em New York, no Birdland(se e assim que se escreve), venha mais vezes, voce e muito bem vinda pra nos Brasileiros que moramos por aqui.

 
At 11:09 PM, Anonymous Anônimo said...

Querida Joyce:

Que grande alegria encontrar, por acaso, o seu blog neste início de ano! Achei muito engraçado o seu comentário sobre o David Tygel querer ser adotado no Natal por adorar rabanadas! Isso me fez voltar no tempo! Antes de ficar famoso, o David Tygel começou a me ensinar a tocar violão em 1972, quando eu tinha 15 anos, na Rua Sá Ferreira, em Copacabana, onde eu morava. E, coincidentemente, ele teve que interromper as aulas porque estava começando a trabalhar com você, e não teria mais tempo disponível para me ensinar. Eu nem liguei muito, mas só porque era você, de quem eu sempre fui fã de carteirinha! Eu adoro "Clareana", "Monsieur Binot", "Feminina", etc.!
Eu também conhecia bem o Maurício Maestro, porque o pai dele, o Figueiredo, trabalhava com o meu pai no Departamento de Parques e Jardins.
Eu sempre me senti muito ligada a você, por compartilhar as suas idéias, por admirar tanto a sua simplicidade, inteligência, sabedoria e beleza (tanto a física quanto a espiritual, e é lógico que uma reflete a outra). Eu acho você o máximo como compositora, cantora e pessoa humana! Você, o David, o Maurício, etc., representam o que eu recordo de bonito no Rio de Janeiro da minha/nossa época. Agora, já faz 25 anos que me mudei para Minas Gerais e a situação do Rio parece que vai de mal a pior em todos os sentidos, infelizmente.
Bom, voltando ao assunto inicial, diga ao David Tygel que eu teria um enorme prazer em adotá-lo no próximo Natal, e servir muitas rabanadas para ele, em honra às excelentes aulas de violão que tive com ele. Vocês são músicos fenomenais! Por quê a televisão insiste em divulgar só música de péssima qualidade, quando temos gente tão talentosa por aí?
Um grande beijo. Tenha um ótimo 2008!
Mônica

 
At 12:10 PM, Blogger Cristiane Figueirêdo said...

Oi Joyce, vc que é espírita, como que funciona essa coisa de em cada vida nascermos de um jeito, digo, nascermos em uma etnia diferente. Até que ponto isso é móvel ? É possível nascer judeu numa vida e em outro grupo em outra vida ?

bj criss

 

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