sexta-feira, abril 03, 2009

diário de bordo (1)

Depois de mais de três semanas na estrada, meu coração de globetrotter volta pra casa de malas cheias: foram muitos acontecimentos, muita gente, muitos lugares, muito trabalho bom, descansar carregando pedra. Começamos pela cidade do Porto, onde, numa bela homenagem, foram abertas as comemorações dos 60 (!!!) anos de carreira de meu parceiro João Donato, que se completarão em 2010. Um show imaginado por nosso amigo e bravo guitarrista Ricardo Silveira, com participação minha e de Emilio Santiago, todos nós aqui na foto.

O concerto foi na Casa da Música, uma belíssima sala de quase dois mil lugares, que se encheu de gente curiosa para ver nosso João (e a nós outros também, claro). É uma grandiosa obra arquitetonica, e amigos locais nos contaram que sua construção foi tão complexa e controvertida quanto a da Cidade da Música, aqui no Rio, e a da Ópera de Sidney, na Australia _ com orçamentos triplicando `a medida que as obras avançavam, prazos estourados e outros pepinos do genero. Não estamos sós! Mas, pelo menos neste caso, visivelmente valeu a pena, é uma sala de concertos maravilhosa, de acústica impecável e infraestrutura perfeita.

(e eu e João voltaremos a nos encontrar em breve, agora mesmo em abril, desta vez em estúdio, para mais um CD juntos, primeiro saindo no Japão e depois, ano que vem, por aqui)

Felicidade, em Portugal, pode ter a seguinte receita:
Creme de aspargos
Gambas ao alho
Queijo da Serra, acompanhado de torradas quentinhas e um cálice de vinho do Porto (tudo produzido ali mesmo, que maravilha!)

(Como vocês podem ver, sou adepta fervorosa da teoria slow food de que o melhor é sempre aquilo que está por perto, bem na área de produção.)

O que nos leva a Paris. Um intervalo de quatro dias entre o show para o João e o inicio de minha própria tournée serviu de desculpa para uma merecida parada em uma das cidades que amamos _ moro um pouquinho em várias delas, Nova York, Londres, Tóquio, o meu amado Rio _ e em Paris também. São lugares onde temos nossos bairros prediletos, os lugares de comprar comida, os cinemas que frequentamos, os parques onde caminhamos nos intervalos de um trabalho pra outro, e os hotéis onde ficamos por nossa conta, sempre mais simples do que aqueles em que nos colocam quando estamos tocando em algum lugar.

Nosso QG em Paris fica em Montparnasse, e o melhor programa do mundo é sentar num café e olhar a vida passando. Bom, bonito e barato. E merecido, depois de um conturbado início de ano, cheio de sustos sem conta.

Felicidade, em Paris, pode ter o seguinte menu:
Soupe `a l'oignon
Pain de maison
Assiette de fromages, un verre de Bordeaux Mouton Cadet. E água Badoit. Tudo local.

(eu queria tanto gostar de ostras... está bem na época e é um prato lindo _ mas é o mesmo problema que tenho com pudim: a consistencia)

Outro menu de felicidade na França pode ser o do café da manhã:
Café au lait + 1 tartine au beurre. E estamos conversados.

(Não posso deixar de falar na consciencia francesa, sempre esperta e alerta. Na França se pensa e se verbaliza muito. Nos cafés próximos ao Jardim de Luxemburgo, área universitária, uma juventude ligada, conversando, discutindo, fazendo planos, todos juntos em greve, professores e alunos contra os planos do governo. Maio de 68 não terminou por lá. Na nossa brasserie de escolha, Le Select, não pudemos deixar de escutar (devido ao volume) a conversa profunda entre dois amigos de idades diferentes, que começaram falando de mulheres ('o que elas querem afinal de contas?'), depois passaram para assuntos teológicos, Deus e suas variantes (um era religioso, o outro ateu) e quando saímos o mais velho mostrava seu novo poema para o outro, que analisava palavra por palavra, caprichosamente, com ferramentas literárias apropriadas, de quem já fez muitos mestrados na vida.
No computador do hotel, abro na página do meu provedor, e as principais manchetes do Brasil são sobre o BBB9. Não faço a mínima idéia de quem são aquelas pessoas)

Chegamos a Helsinki inaugurando a tournée e a parte gelada da viagem. Foi tudo perfeito por lá, o show foi campeão, a organização do festival se esmerou nos mínimos detalhes, e a casa estava lotada. Melhor, impossível.

(acabo de ver que a foto acima está datada erradamente. Ainda não sei mexer nessa nova camera que ganhamos)

O Carnaval no gelo prossegue nos próximos posts.

2 Comments:

At 7:54 PM, Anonymous Túlio said...

quanto a tv aberta e infelizmente rádio, tem tempos que não escuto, tristes tempos estes nossos.

 
At 8:05 PM, Anonymous Túlio said...

antes que eu me esqueça, em relação ao o que as mulheres querem, eu tento entender escutando duas cantoras/compositoras que falam no feminino, ainda que de maneiras diferentes (é claro, nenhuma mulher é igual a outra) você e alzira espíndola

 

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