quinta-feira, fevereiro 24, 2011

os anos de chumbo

O convidado da última gravação, Pedrinho Miranda...

E a bela Antonia, minha assistente musical...

Gravamos nos dois últimos dias o programa, da nossa série 'No Compasso da História', que fala dos anos de chumbo da ditadura, de como nossos compositores usaram de todos os seus artifícios poéticos para driblar o momento e, finalmente, da campanha pela anistia, da qual eu mesma também participei, à época. Por causa da minha música 'Revendo Amigos', que fala justamente nos amigos que partiram, o pessoal da computação gráfica (Rico e Renato Vilarouca, puro talento) me deu de presente este cenário lindíssimo, onde pude me rever como eu era há 30 anos atrás.

Nosso convidado deste programa foi o insuperável Pedrinho Miranda, que botou sua voz e sua bossa a serviço de um repertório que incluía "Meu Caro Amigo', 'Samba de Orly', 'Apesar de Você', 'Cálice', 'Acorda, Amor' (pois é, muito Chico Buarque, mas foi ele o compositor emblemático desse momento...) e outras maravilhas como 'Pesadelo', 'Tô Voltando', 'O Bêbado e a Equilibrista'... Junto com a gente, sempre competente e precisa, Antonia Adnet.

Foi emocionante pra mim ver este repertório renovado pela juventude de Pedrinho e Antonia. E acredito que pra eles também, com um entendimento novo sobre aquelas canções de tempos duríssimos, que (felizmente) eles não viveram.

PS- fotos de estúdio por Alberto Jacob Filho. E minhas fotos dos anos 1970 foram feitas por Lizzie Bravo e Antonio Carlos Miguel.


segunda-feira, fevereiro 21, 2011

mais imagens das gravações

Mais fotos das gravações da nossa série 'No Compasso da História! Estive no outro dia no estúdio Albatroz, do meu querido Roberto Menescal, para uma conversa sobre a bossa-nova e o momento em que o Brasil quase foi o que dele se esperava. Pois é como eu sempre digo: a bossa-nova é o Brasil que deveria ter sido... e, quem sabe, um dia ainda será!

Pra se chegar no local de trabalho de Menescal, é preciso pegar um... barquinho. Pois o estúdio fica numa pequena ilha na Barra da Tijuca, lugar bem escondido, perfeito para quem quer sossego na hora de gravar.

Menesca contou histórias ótimas que ele viu e viveu. Falou-se de João Gilberto, de Nara, de Tom, do tempo em que um presidente da República mandava chamar um poeta e um compositor para mostrar a cidade que estava começando a construir, como Juscelino fez com Tom e Vinícius ao lhes encomendar a Sinfonia de Brasília. Sonhava-se muito, então.

Já esta foto é um momento de descontração total - que de resto, já rola direto - no estúdio, com João Cavalcanti se preparando pra cantar comigo e com Antonia "Minha Fama de Mau', de Erasmo e Roberto, no programa que trata dos anos 1964-1967, onde a bossa-nova foi substituída, nos ouvidos brasileiros, pela Jovem Guarda, pela música de protesto e pela MPB dos festivais - e onde já se prenunciava o período musical que viria depois, com a Tropicália. No Brasil, inaugurava-se a era pesada e sofrida da ditadura militar. E a bossa-nova encontrava a famosa saída do aeroporto e voava para o mundo, de onde não mais sairia.



sábado, fevereiro 19, 2011

cenários incríveis


Estas são fotos das gravações mais recentes do nosso programa, 'No Compasso da História'. Vou explicando aos poucos.

Nas fotos ao alto, o cenário onde gravamos ontem, explicadinho lá embaixo no final deste post. E nesta aqui estão no estúdio Antonia Adnet e João Cavalcanti, prestes a entrar em ação no cenário psicodélico-anos-60 do programa que vai de 1964 até 1968 - ou seja, do golpe militar até o AI-5, momento de grandes transformações no Brasil e no mundo.

Gravei outro dia com Soraya Ravenle no Museu Aeroespacial, no Campo dos Afonsos, para o programa que fala da participação do Brasil na Segunda Guerra. Não pude deixar de fotografar a réplica do 14 Bis.


Esta escada deslumbrante, que também aparece nas fotos lá do alto, pertence ao Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, que serviu de cenário para mais uma externa do programa, e onde entrevistei o cientista social e escritor Carlos Alberto Medeiros sobre a cultura negra e sua importância na formação do Brasil como nação. A casa foi fundada por D. Pedro II, nos anos 1870 e poucos, para ser a primeira escola pública do Rio. É linda a arquitetura, embora precisando urgentemente de cuidados e reparos. Apesar da simpatia e boa vontade das pessoas que trabalham lá, a verba para estes cuidados visivelmente deve estar curta. O que é uma pena, pois é um belíssimo casarão histórico, que merece muito mais.

O programa tem me proporcionado conhecer locais onde eu normalmente não iria, e isso é ótimo.


terça-feira, fevereiro 15, 2011

no compasso - 1964

Vai aqui um registro de mais uma gravacão do nosso 'No Compasso da História', no programa em que falamos do emblemático ano de 1964 - em que os militares tomaram o poder e lá ficaram pelos 21 anos seguintes. Meu amigo e parceiro Carlos Lyra, que viveu intensamente aquele momento, veio conversar comigo numa entrevista sobre seu envolvimento como fundador do CPC da UNE, o turning point da bossa-nova 'sol-sal-sul' para uma postura musical mais engajada, o auto-exílio e outras histórias.

Amanhã estarei outra vez no estúdio, com minha 'sobrinha' e assistente Antonia Adnet, e mais a participação especial do jovem e talentoso João Cavalcanti, do grupo Casuarina, que vem cantar comigo o repertório daquele momento (de 'Opinião' à 'Minha Fama de Mau'...) Aguardem fotos desta gravação num próximo post - assim como as fotos da entrevista de hoje, com Roberto Menescal, que fala do período exatamente anterior a este: a era ensolarada da bossa-nova, quando o Brasil era moderno e, como disse Menesca, encerrando a conversa, 'a gente era feliz, e sabia'.


sábado, fevereiro 12, 2011

a fala

Eis o auto-retrato do maravilhoso Noel Rosa, um dos meus ícones musicais da vida inteira. Ele está aqui neste post por ser o autor de uma música que adoramos, o 'Gago Apaixonado'. Gostamos dela porque é genial, muito embora ali a gagueira apareça de maneira caricatural, usada para combinar com o suingue natural deste samba, e por isso mesmo, longe da gagueira de verdade, que conhecemos muito bem.

Sou casada com um gago há mais de 30 anos. Por isso me comovi tanto com o filme 'O Discurso do Rei', com Colin Firth fazendo, com a maior dignidade (e candidatíssimo ao Oscar de melhor ator), o intrigante personagem do rei George VI, pai da atual Rainha Elizabeth da Inglaterra. Ele que teve de assumir o trono de maneira inesperada, depois que seu irmão mais velho abdicou para casar com uma gay divorcée americana, e viveu alegremente como membro do jet set pelo resto da vida, já então como Duque de Windsor, livre do fardo da realeza.

O irmão mais novo, gago e tímido, afinal de contas, era muito mais corajoso e preparado do que o irmão playboy para lidar com o que viria a seguir: a Segunda Guerra Mundial, a ameaça crescente do nazismo e nada além de 'sangue, suor e lágrimas' para oferecer aos súditos, como disse Churchill. Mas para isso precisava vencer o inimigo interno da gagueira - que ele bravamente encarou. No filme ainda me comoveu especialmente a forma como é mostrado o amor da então rainha Elizabeth (mãe da Elizabeth atual) por aquele homem bom e digno, que ela sabe ser capaz de enfrentar qualquer desafio (embora a lenda diga, erradamente, que gagueira é sinônimo de fraqueza. Posso garantir que não.)

Tutty diz que Colin Firth fez a fala do Rei com perfeição, pois a grande questão do gago não é a mera repetição de sílabas, e sim a angústia da palavra que 'não sai'. É doloroso para quem enfrenta e para quem está ao lado, assistindo ao sofrimento de quem se ama. Mas é questão que pode ser vencida, se houver vontade de se encarar de frente os próprios fantasmas. Na história real do rei George, ter de transmitir confiança à população do Reino Unido, com suas falas (em plena era do rádio!) diante da ameaça que representava para a Europa o excelente orador Adolf Hitler, não deve ter sido fácil.

Se o samba de Noel brinca com o assunto, o de Candeia esclarece: "Mudo é quem só se comunica com palavras..." Nisso a gente acredita.
PS- Noel, claro, não era gago. Gago era o grande Nelson Gonçalves, um dos maiores cantores do Brasil, que tinha até o apelido de 'metralha'.


terça-feira, fevereiro 08, 2011

modern sound

E lá se foi mais uma... Fechou de vez a querida Modern Sound, a última grande loja de discos do Rio de Janeiro, local de tanta música - pois ela dispunha também de um simpático bistrôzinho, onde o som rolava direto, especialmente jazz e instrumental brasileiro, e onde, ultimamente, quase todo o mundo fazia algum show de lançamento.

A foto acima foi da única vez em que toquei lá, em 2009, no lançamento do CD/DVD 'Ao Vivo - 40 Anos de Carreira', com direito a 'canja' dos parceiros Roberto Menescal e Zé Renato. E minha última visita à casa, ano passado, foi de muita alegria, justamente no show de lançamento do 'Miss Balanço' de minha filha Clara, entre amigos e uma plateia bacana.

Não há como descrever a tristeza que o fechamento de uma casa como a Modern Sound produz em todos nós. A ela vêm agora se somar outros lugares importantes, como as livrarias Da Conde e Letras & Expressões, no Leblon, que recém-fecharam as portas em definitivo. Não sei não, alguma coisa está fora da ordem.
PS- a MS fechou dia 31 de dezembro passado, mas só agora pude expressar minhas infinitas condolências aos donos, que resistiram valentemente durante estes anos todos.


sexta-feira, fevereiro 04, 2011

adendo

Reproduzo aqui o excelente e esclarecedor texto do blog Traduzindo o Juridiquês - Tudo o que você sempre quis saber sobre Direito e nunca conseguiu entender, que o advogado Renato Pacca tem no site do Globo.com. Vejam o que ele diz:

O site do Minc retirou o logo do Creative Commons. E daí?

Andei lendo que o Ministério da Cultura (MinC) retirou de seu site o logo do Creative Commons. Como era esperado, logo começou a reação.

Matéria publicada n’O GLOBO deu conta de uma certa “chiadeira nas redes sociais” e trouxe a opinião do vice-coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da FGV, Carlos Affonso, para quem retirar a menção à licença e simplesmente dizer que o conteúdo do site pode ser copiado, desde que o crédito seja dado, cria um “problema jurídico” pela falta de transparência, que pode afetar a imagem do Brasil lá fora.

Discordo. O Ministério da Cultura apenas não usa mais uma licença específica com a grife “Creative Commons” em seu site. Substituiu a frase "O conteúdo deste sítio é publicado sob uma Licença Creative Commons", pela frase: "Licença de Uso: O conteúdo deste site, produzido pelo Ministério da Cultura, pode ser reproduzido, desde que citada a fonte".

O próprio Ministério salientou que “a retirada da referência ao Creative Commons da página principal do Ministério da Cultura se deu porque a legislação brasileira permite a liberação de conteúdo. Não há necessidade de o ministério dar destaque a uma iniciativa específica. Isso não impede que o Creative Commons ou outras formas de licenciamento sejam utilizados pelos interessados". Perfeito.

Então qual é o problema? Qual a razão da chiadeira? O Creative Commons tem a pretensão de ser uma nova plataforma – e pelo barulho que faz, parece que pretende ser a única. A alteração do texto inserido no site do Ministério é juridicamente válida e basta para que qualquer um reproduza o conteúdo livremente, desde que citada a fonte, sem qualquer necessidade de uma licença específica como é o caso da grife CC.

Ronaldo Lemos, Diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas e Diretor do Creative Commons no Brasil, chegou a afirmar que "do ponto de vista jurídico, a frase que colocaram lá não quer dizer nada. Quem utilizar os conteúdos do site com base nela enfrenta um problema de insegurança jurídica enorme". Peraí: Do ponto de vista jurídico a frase quer dizer literalmente o que menciona. Que insegurança ela gera? O conteúdo está liberado, basta citar a fonte. Existe maior liberdade do que essa? Segundo ele sim. “Os direitos do CC são muito mais amplos e melhor formulados, abrangendo a produção colaborativa, o desenvolvimento de obras derivadas, a disseminação e assim por diante. Dessa forma, o site do MinC perdeu muito com a mudança". Que propaganda explícita do produto, hein?

Qual nada. Quem pensa em reutilizar, recombinar ou remixar os textos do Ministério da Cultura para criar obras derivadas? A disseminação está garantida. O que o Creative Commons pretende é ser reconhecido como a única e a mais perfeita licença disponível, como se fosse o mais perfeito e acabado contrato de adesão, pelo qual todos devem se pautar na área cultural. O que deixou o Creative Commons contrariado foi a retirada da propaganda gratuita que a chancela governamental trazia. Insistem que o Minc perdeu muito com a mudança, mas quem verdadeiramente perdeu foi a própria grife CC.

Ninguém se pergunta o que há por trás do Creative Commons. Quais os interesses envolvidos? Quem financia esses interesses? É muito fácil falar que a lei brasileira é restritiva e que é preciso dar mais liberdade para a cultura digital, difícil mesmo é proteger o direito do autor. O Creative Commons é uma excelente ferramenta de marketing, que atrai muitos simpatizantes entre artistas que ainda não alcançaram o sucesso - e por isso mesmo não têm nada a perder - ou que já alcançaram tanto que podem se dar ao luxo de abrir mão de uma parte de sua obra. Na verdade, abrem mão de uma parte e ganham em troca a simpatia dos fãs e uma aura de “democratas da cultura”, que certamente implica em maior retorno de marketing, propaganda, visibilidade e ... lucros! São iniciativas pontuais, cuidadosamente planejadas. Artistas consagrados não abre mão de tudo, evidentemente, e nunca aderem inteiramente ao Creative Commons. No fundo, estamos falando de negócios, de dinheiro, e não de democratização da cultura.

Postado por Renato Pacca no seu blog 'Traduzindo o Juridiquês'

polêmica, antiamericanismo e otras cositas más

Detesto polêmica. E eis que esta semana fui jogada bem no centro de uma, e das brabas. Portanto, paciência, pessoal, que hoje o post vai ser longo...

Domingo passado, em sua coluna no jornal O Globo, o querido Caetano Veloso, depois de falar lindamente sobre minha pessoa e minha música (o que muito me alegrou), reproduziu o comentário que enviei para o forum do Estadão, sobre a retirada do logo do Creative Commons do site do MinC (não fui a única: outros compositores têm se manifestado sobre isso, como Aldir Blanc, Carlos Lyra, Hermínio Bello de Carvalho, Antonio Adolfo e muitos outros). Caetano mesmo diz que ainda se sente em dúvida quanto a essa questão, mas menciona um “antiamericanismo perceptível” na minha mensagem. Vamos começar por esclarecer este ponto.

No texto que enviei para o forum, digo que não entendo por que “uma licença norte-americana, privada, patrocinada, entre outros, pelo Google” foi parar num site governamental brasileiro.

(vale dizer que este patrocínio, ou doação, do Google para o CC também deu pano para mangas na coluna de hoje de Hermano Vianna, no mesmo espaço - sim, os articulistas da página 2 do Globo conversam entre si o tempo todo. Ele contesta os números que citei, cita outros e deve estar certo, pois é um ardoroso defensor do Creative Commons e deve dispor de informações internas, bem mais quentes. As minhas são informações de internet, território pouco confiável, e que também andam na boca de alguns compositores indignados. Portanto, desde já, minhas desculpas pelo que deve ter sido uma grande desinformação minha. E voltemos ao meu suposto antiamericanismo)

Talvez eu devesse ter dito “uma licença estrangeira, privada, etc”, para que as coisas ficassem mais claras e este suposto antiamericanismo, que não procede (no meu caso, pelo menos) não ficasse assim no ar. Escrevi neste dia mesmo um email pessoal para Caetano, um dos compositores que mais admiro e pessoa mui querida, esclarecendo (ou tentando esclarecer) esta questão. E o que eu disse a ele foi mais ou menos o seguinte:

“Como posso ser antiamericana? E o Coltrane? e o Miles? e a June Christy, minha cantora de cabeceira? e todos os escritores, cineastas, artistas que a gente aprendeu a amar durante todos esses anos? E Nova York, minha cidade do coração? E o Obama, por quem torcemos descaradamente na eleição passada? Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O Creative Commons poderia ser norueguês, estoniano, indiano ou de qualquer outro país ciberesperto. Ainda assim, sendo estrangeiro, privado e patrocinado por empresas gigantescas que têm o maior interesse em não pagar por conteúdo, não vejo porque ele teria de estar num site governamental brasileiro, principalmente no do Ministério da Cultura. É isso, e tão-somente isso. Até minha sociedade autoral americana, a BMI, acha a mesma coisa que eu.”

O que eu quis deixar claro foi minha preocupação – e que tenho visto em toda a nossa classe de compositores, de modo geral – com a sobrevivência da nossa profissão. Pois hoje - e o Creative Commons representa apenas uma pontinha do que pode ser um grande iceberg - há cada vez mais gente que acha que direito autoral não precisa ou não deve ser pago, como se não fosse fruto de um trabalho. Como já disse aqui nosso Sérgio Santos, imaginem o nosso Dorival Caymmi, que, com aquela obra toda, viveu sempre modestamente, como pessoa de classe média. Dá pra imaginá-lo com 95 anos (idade em que nos deixou), dependendo de fazer shows para sobreviver? A obra maravilhosa dele não teria valido nada? É esse o futuro que aguarda a maior parte dos autores brasileiros?

Há poucos dias, minha amiga Olivia Hime, recém-chegada do Midem, me contava das conversas que teve com diversas pessoas de outros países sobre essa nebulosa e complexa situação. E havia um consenso de que não houve avanço significativo na questão do direito autoral. Uma pessoa chegou a dizer a ela que essa 'nuvem' perigava se tornar um cumulus nimbus, prestes a virar uma tormenta. O problema não é só do Brasil.

Caetano, ao responder ao meu email, citou certas “modificações de internet” que agora acontecem, como a do forró “Minha Mulher Não Deixa Não’, que periga ser o grande hit do carnaval baiano de 2011, depois de recriado pelo grupo Psirico. Essas modificações digitais em nada comprometem a autoria, na minha opinião. O refrão da 'minha mulher não deixa não' é que é a graça da música, é o que faz o fenômeno - o resto, pra mim, é arranjo. Os DJs, que desde os anos 90 até hoje modificam a minha música pelas pistas de vários pontos do planeta, eu entendo como arranjadores eletrônicos, em última análise, jamais como co-autores das músicas junto comigo. Assim também Caetano, quando tem uma canção sua recriada por João Gilberto ou Dori Caymmi, não está ganhando parceiros na autoria. Eles são arranjadores a seu modo, recriadores de uma beleza que já existia, e que eles estão enriquecendo com outro ponto de vista harmônico, mudando as divisões, conforme a linguagem de cada um. Mal comparando, é mais ou menos a mesma coisa. Pelo menos, essa é a minha visão.

No mais… antiamericano é Osama Bin Laden - não eu ou qualquer outra pessoa que se oponha a certos mecanismos de compartilhamento de direitos alheios. Capital não tem pátria, e aliás o Creative Commons, que engraçado, parece mais um ‘socialismo’ patrocinado pelo grande capital. Coisas do século XXI, que mal começou e já nos deixa tão confusos com seu museu de velhas novidades.