vida de artista
Dá uma tristeza danada pensar na morte, anunciada hoje em Londres, de Amy Winehouse, uma menina talentosa e bonita, aos 27 anos (mesma idade de Janis Joplin, Jim Morrison e Jimi Hendrix!) Não adianta querer julgar os portadores desta doença, mal de muitos séculos, que é a dependência química. Como vimos no ótimo documentário de Fernando Grostein Andrade (conduzido com clareza e dignidade por Fernando Henrique Cardoso), "Quebrando o Tabu", as drogas sempre existiram e continuarão existindo, enquanto existir a dificuldade do ser humano em lidar com suas frustrações e vazios sem a ajuda de aditivos.
(Mais notícias do nosso diário de bordo sobre as gravações do 'No Compasso da História'...)
Vai chegando aquele momento tão esperado por nós todos os anos, quando iremos mais uma vez ao Japão, rever os amigos e as plateias de lá. Para mim e para o Tutty, será a 22ª viagem a este país que sempre morou em nosso coração. Nem sempre fomos juntos: algumas vezes fui sem minha banda, e portanto sem ele; outras vezes ele foi tocar com outras pessoas, como Lisa Ono, e eu obviamente não estava presente. Mas, coincidência ou não, nosso número de viagens acabou se equiparando.
UM ABRAÇO NO JAPÃO
(Zé Renato/ Joyce)
Ê matita perê
Traz notícias do povo de lá
Que eu quero saber
Chama uirapuru, sabiá
Saíra e tiê
Passarinho de todo lugar
Vem me responder
Pelas asas da música
Que venha toda essa passarada brasileira
Levar nossa alegria pra aquela terra inteira
Ê, Martim Cererê
Vai buscar os amigos de lá
Pra gente rever
Traz o samba, o batuque, o baião
O cateretê
Bossa nova com maracatu
Tão lindo de ver
Que parece até mágica
Que venha agora toda a música brasileira
Levar nossa alegria pra aquela terra inteira!
Por alguma razão que algum dia hei de compreender, volta e meia me vejo na condição meio 'Zelig' de testemunha, se não participante, de algum fato relevante. Não sei se isso acontece com todo o mundo, ou se algum tipo maluco de magnetismo me atrai para fatos e personagens que só irei entender muitos anos depois. Como, por exemplo, aos quinze anos, ter conhecido na Itália uma linda moça, irmã de um amigo feito nesta viagem, que seria a futura rainha da Suécia. Ou ter tido o vestido de meu aniversário de 15 anos (de novo...) confeccionado por D. Zuleika, talentosa costureira de Ipanema, cujo filho viria a ser um namoradinho meu de adolescência, mas acabaria se casando com uma outra amiga minha das mesmas festinhas - só que D. Zuleika era a futura Zuzu Angel, e seu filho e nora morreriam na tortura durante o regime militar... mas ainda não sabíamos disso em 1963.
Partiu hoje esta figura tão querida, nosso Billy Blanco, talvez sem saber que no meu CD mais recente, 'Rio', gravei duas músicas suas ('Viva Meu Samba' e 'O Mar', esta em parceria com o Tom). Foi um dos maiores cronistas do Rio, apesar de paraense. E um gentleman no trato, engraçado e gentil.
Este foi o show 'Feminina 30 anos', que fizemos no Teatro Clara Nunes, com presenças ilustres e queridas na plateia - parceiros e amigos como Zé Renato, Hermínio Bello de Carvalho, Mário Adnet, José Milton (produtor original do disco 'Feminina', em 1980), tanta gente que não vou lembrar de todos - além de Diana Krall com sua banda completa, inclusive nosso amigo (e grande guitarrista) Anthony Wilson. Foi uma noite bacana, e depois dela aconteceram outras, com diferentes formações, em diferentes locais. Sempre celebrando os 30 anos do disco que para mim foi um divisor de águas.