Retrospectiva 2015 (o ano que não acabará)
Pro Brasil e pro mundo, um tempo difícil, diferente, cheio de surpresas muito estranhas... Mas quero me apegar ao bom e ao bem que chegaram pra mim, ou enlouquecemos todos. Pensamento positivo, como nas terapias cognitivas se faz. Vamos nessa?
Por exemplo, não quero nunca, jamais, esquecer disto aqui:
http://www2.uol.com.br/ziriguidum/1512/joyce_moreno.htm
É um daqueles momentos que a gente guarda para os dias chuvosos da vida, que sempre vêm. Foi um momento importante pra minha música- e, ouso imaginar, talvez pro Brasil também. Pois nas horas em que o mundo olha pra gente com apreensão e desconfiança, alguma coisa boa a música brasileira sempre tem pra oferecer. Sei que a música que faço, e pela qual desde sempre me dispus a morrer, se necessário, não tem a mais mínima importância dentro do meu país. Qualquer garoto ou garota lançando uma banda numa novelinha teen terá maior significado midiático imediato do que aquilo que eu e outros apaixonados fazemos com tanto amor e empenho. E não, não estou reclamando, porque entendo que é assim mesmo. O Brasil merece o Brasil que tem. Este caminho que o país vem seguindo é uma escolha. Dá pena do Brasil, sim, dá uma tristezinha ver o erro e o desperdício - mas é uma escolha, se é que vocês me entendem. Portanto, tudo certo, não tem discussão. Morre a música brasileira como morrem os rios, a Chapada Diamantina, as florestas, nossas riquezas. Mas foi o Brasil quem quis assim. Como dizia minha avó: sua alma, sua palma.
Em compensação, o mundo, que ainda não sabe disso, nos celebra.
(Sugiro, porém, pelotão de fuzilamento para o próximo jovem repórter que me perguntar se tenho 'mágoa' ou se 'já superei' o fato de minha música ser mais reconhecida fora do que dentro do Brasil. Por que devo 'superar', ou 'ter mágoa', por coisa tão boa? Tenham paciência... O que me entristece não é nada disso. É ver até onde chegamos que dá vontade de chorar de pena do Brasil, como minha filha caçula chorou, aos 11 anos, em sua primeira viagem à Europa. Ela já estava pressentindo quantas lágrimas seriam derramadas no futuro.)
Na real, na vida profissional, tivemos: 1) a 3a temporada da série 'Pequenos Notáveis', ensinando para as crianças a música do Brasil, que pertence, ou deveria pertencer, a eles; 2) dois novos CDs gravados - 'Cool' e 'Poesia'; 3) turnê do CD anterior, 'Raiz', pela Europa, Estados Unidos, Canadá; 4) no Brasil, shows em SP, Rio e Bahia, e o concerto comemorativo dos 100 anos de amizade Brasil-Japão, na belíssima sala de concertos da Cidade das Artes; 5) no Japão, as comemorações pelos meus 30 anos tocando lá, direto; e finalmente, 6) a apoteose que foi o concerto com minha obra autoral na Berklee, e as gentis homenagens da cidade de Boston e do estado de Massachussets, que me ofereceram diplomas em "reconhecimento pela representação e divulgação da cultura brasileira" - o que equivale a me premiar pela propaganda enganosa que faço, de um Brasil que já não existe, mas que a música evoca.
Na vida pessoal, família com saúde, graças a Deus, e todos os netos passaram de ano.
Então meu ano foi muito bom, apesar dos percalços no Brasil e no mundo. E o de vocês?